SAIBA O QUE É RAPEL COM SEGURANÇA
Diferente do que muitos pensam, o rapel não é uma modalidade esportiva regulamentada por uma federação própria. É apenas uma técnica de escalada, que por sua vez sim é um esporte regulamentado por federações e clubes. Trata-se basicamente da descida em corda, podendo ser positiva, vertical ou negativa. Por tal razão, muitos acreditam que a designação “instrutor de rapel” é muito subjetiva, podendo por vezes ser considerada inapropriada.
O rapel teve sua criação por escaladores que queriam agilizar a descida com segurança, após alcançar o cume de uma montanha. Com o passar do tempo essa técnica foi sendo utilizada também em treinamentos militares, que devido às condições de combate absorveram algumas variações, como a descida de cabeça para baixo, de frente, pendulando, entre outras. Os escaladores não utilizam estas variações de rapel por propiciarem um risco elevado de acidente.
O rapel como técnica vertical de descida, usa o mesmo equipamento de escalada, como o baudrier (“cadeirinha”), o freio e um prusik (nó que se prende à corda, também chamado de backup) para a segurança. Com estes itens, o praticante pode ficar à vontade durante a descida, inclusive parar e soltar as mãos. Na ancoragem, usam-se os anéis de fita para equalização, mosquetões e os grampos da via. Todo este equipamento precisa ser usado da forma correta para que haja segurança na prática da atividade.
Pela simplicidade da atividade, as pessoas normalmente se sentem confiantes e acabam negligenciando esta segurança durante a prática do rapel, não dando a devida atenção e precaução que deveriam. Não é raro casos de acidentes com os supostos “instrutores de rapel”. Por vezes, escuta-se casos de cabelo ou blusa entrando no freio ao ponto de deixar a pessoa completamente imóvel e pendurada, queda por consequência do atrito da corda com a mão da pessoa, que esquenta e queima, levando o praticante a largá-la, queda do cume quando o participante ainda estava se equipando, queda por erros nos nós ou na ancoragem, queda por uso de equipamento de forma errada e até ruptura de corda não apropriada para o rapel ou sem manutenção. Casos assim ocorrem quando “instrutores de rapel” se sentem aptos a executar a atividade sem ter nenhum conhecimento em escalada, que é a origem da técnica.
Uma outra consideração muito importante é que o rapel não deve ser praticado em vias de escalada, pois ocupará um local que foi criado e montado exclusivamente para a escalada e não para o rapel. Quando uma pessoa monta um rapel em uma via de escalada, pode haver grupos de escalada que estejam praticando naquela via, o que resultará num impasse muito grande. Em alguns casos, durante a montagem do rapel, os praticantes de escalada que estejam abaixo, desavisados, podem ser atingidos pela corda do rapel, pedras ou outros sedimentos que sejam atirados para baixo pelos praticantes de rapel. Para evitar isto, existem locais apropriados para a prática do rapel. No Rio de Janeiro, podemos citar a Pedra da Tartaruga, Itacoatiara, em várias cachoeiras e outros locais específicos.
É muito importante portanto, que o praticante esteja ciente de com quem está realizando a atividade. Perguntar ou exigir a certificação do condutor é uma obrigação do cliente. Procure agências com condutores que sejam montanhistas certificados por algum clube filiado à federação local de escalada ou que seja diretamente federado no esporte. Saiba qual o tipo e condição do equipamento utilizado e se o local oferecido para a prática do rapel é exclusivo para isso. No Rio de Janeiro, a FEMERJ www.femerj.org e a AGUIPERJ www.aguiperj.org.br são os órgãos que regulam o esporte. Clubes como o CEB ou o CERJ são ícones do esporte, atuando por quase um século em prol da segurança dos montanhistas. A federação local de escalada ou a associação de guias, instrutores e profissionais poderá ajudar em caso de dúvida sobre segurança, clubes ou órgãos de escalada.
Texto: Fábio “Magrão” e Rodrigo Fernandez
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